sexta-feira, 18 de maio de 2018

ENSAIO SOBRE A FOFOCA



Este texto faz parte de uma série de ensaios sobre assuntos diversos e de interesse comum que escrevi. O título é uma homenagem a um dos maiores escritores de língua portuguesa, José Saramago, que com seu “Ensaio sobre a Cegueira”, de 1995, nos levou a imaginar uma sociedade que tenta sobreviver a uma doença contagiosa que se alastra sobre uma cidade. Como nos dias de hoje, temos muitas epidemias, o escritor serve de inspiração para falarmos de algumas delas.
Apesar de mais de um milhão de anos que estamos na face da terra, segundo os evolucionistas, o comportamento humano não para de evoluir. Porém, as condutas não são tão diferentes ao longo da história. Hoje sabemos que, mesmo depois de tanto tempo que o homem deixou a caverna, essa ainda permanece nele, e muitas das atitudes continuam as mesmas da pré-história, só adaptadas às modernidades dos nossos dias.

A fofoca é o tema. A principal forma de acontecer é a fala. E desde quando as pessoas usam esse meio de comunicação?Como a linguagem oral não deixa rastros, existem apenas algumas pistas indiretas que pouco ajudam a comprovar qualquer especulação. Talvez a melhor resposta seja: desde quando se tornou homem. Mas, isso não vem ao caso, pois como sabemos, há várias maneiras de fazê-la, sem precisar usar a voz ou até mesmo a escrita. O palestrante mais pop do momento, Leandro Karnal, costuma dizer: “A fofoca é a arma dos fracos”. Mas, ninguém pode falar sobre o seu poder sem citar o sagaz escritor Millôr Fernandes que disse: “Quando todo mundo quer saber é porque ninguém tem nada com isso”. A verdade é que ela é um mal que ganha, a cada dia, mais espaço na mídia e nas nossas mentes. Parece uma brincadeira inocente, mas, pode trazer graves consequências. Já o escritor Walcyr Carrasco, exímio novelista, diz aprender muito com a fofoca, sendo a mesma uma das principais fontes para a elaboração da sua obra.

Porém, ninguém pode se aprofundar no assunto que move as pessoas em todos os recantos da humanidade, sem conhecer a obra “Tratado Geral Sobre a Fofoca: Uma Análise da Desconfiança Humana”, de José Ângelo Gaiarsa, psiquiatra de renome, que morreu aos 90 anos, e mesmo depois de sua morte, ainda é um dos maiores referenciais que temos sobre comportamento humano. Ele, em seus livros, fazia uma análise sociológica, filosófica, histórica e psicológica da fofoca – esse fenômeno tão antigo que acompanha o homem, desde seus primórdios. Partindo da irônica premissa de que nenhum cientista “sério” se dedicaria a estudá-la, toma para si o desafio e mostra, capítulo a capítulo, como essa forma insidiosa de inveja, despeito e medo, infiltra-se em nós, assim que deixamos a infância e quando a fazemos sobre um indivíduo, colocamos nele todos os preconceitos. E, ao fazermos isso, automaticamente, nos livramos de qualquer defeito, tornando-nos modelos de perfeição. As consequências são drásticas: além de fazer mal ao outro, frustramos toda e qualquer possibilidade de mudança interna que pudesse nos levar a um patamar mais elevado de consciência. Fiquemos com a sabedoria do velho mestre: “A quantidade de fofoca que existe no mundo e em cada pessoa é exatamente igual à quantidade de desejos humanos não realizados”.

"A fofoca é uma forma de vingança e Deus odeia isso", diz Rick Warren. Para compreender melhor essa afirmação, vamos aprofundar o assunto.

O que é fofoca? Uma definição: 'compartilhar informações com alguém que não é parte do problema, nem da solução'. “A pessoa pode não ter tido nada a ver com isso, mas, você a relaciona com o assunto para que possa se sentir melhor sobre si mesmo”.

Porque resolvi falar sobre este tema se o centro dos meus textos tem sido sempre educação? Por um motivo simples, se existisse uma maior formação das famílias e das escolas sobre os educandos, a fofoca seria bem menor. Pois, é necessário que todos saibam que as relações humanas precisam do sustentáculo da verdade e sejam cada vez melhores.
Uma verdadeira relação humana tende a levar os envolvidos para um crescimento muito maior. Sei que é difícil, no mundo de hoje, querer a perfeição entre as pessoas. Os interesses passaram a ser individuais e não coletivos. Os desejos são pessoais e os valores são cada vez mais individualistas. Uma fofoca pode atrapalhar ou comprometer a vida dos outros.
Nos meus 38 anos, ensinando biologia para a vida, sempre fiz questão de ter como principio básico, do meu conteúdo, o valor do ser humano. A sala de aula deve ser sempre um lugar de paz e respeito mútuo. No exercício da profissão cheguei a dizer que deveria ser a continuação da nossa casa, hoje, não me permito mais tal ousadia. A família deve compreender o seu papel no contexto da sociedade e não transferir tanta responsabilidade para a escola, pois tira dela o seu principal papel, que é ensinar.
Repito o que digo em tantas das minhas palestras, aulas e encontros: Educar é papel da família, o da escola é ensinar e continuar a educação construída em casa. Crianças que são educadas no seio familiar, não dão trabalho no colégio, também não são problemas nos meios sociais.
Fofoca traz benefícios sociais e psicológicos, diz pesquisa. Os pesquisadores da Universidade de Berkeley descobriram que os boatos podem trazer resultados positivos para a sociedade. O estudo defende as intrigas "pró-sociais", que têm a função de advertência sobre as pessoas não confiáveis. Segundo o psicólogo social Robb Willer, coautor do estudo publicado na edição online da revista Journal of Personalidade e Psicologia Social, o mexerico desempenha um papel crítico na manutenção da ordem social. O estudo também revelou que ele pode ser terapêutico. Pois é, meu caro leitor, o boato pode ser uma terapia para os problemas da moderna sociedade, queiramos ou não.
É bom que saibamos que todo mundo faz intriga e ao mesmo tempo é vítima dela. Como sabemos, existe a fofoca do mal e a do bem, é bom que a do bem prevaleça em nossas relações, o que não é fácil, pois, segundo estudo, a do mal é a que anda mais rápido e atinge 78% da população. Por fim, volto ao famoso escritor e seu livro, e afirmo que Saramago tinha razão quando dizia: “todos nós somos um pouco cegos” e a cegueira não nos deixa enxergar o quanto o boato interfere na vida das pessoas.

Prof. Albérico Luiz Fernandes Vilela
Membro da União Brasileira de Escritores
Membro da Academia Pernambucana de Educação
Diretor Pedagógico da Universidade da Criança - UNIC
Postado por:Jose Renato Siqueira

domingo, 13 de maio de 2018

Google põe Inteligência Artificial ao serviço do jornalismo no Google News


O site de apoio noticioso Google News foi restruturado para passar a usufruir das capacidades da inteligência artificial. 

Durante o evento I/O, a Google apresentou uma remodelação do Google News, a sua plataforma agregadora de notícias dos vários canais de informação espalhados pelo mundo. O destaque vai para a utilização de inteligência artificial para ajudar a ordenar e organizar a informação, tornando mais fácil e direto o acesso às notícias. 

A nova plataforma visa ainda "separar o trigo do joio", ou melhor, discernir entre todo o conteúdo variado o que é ruído, salientando a informação proveniente de jornalismo de qualidade, numa experiência unificada. Isto significa que os utilizadores passam a controlar melhor as temáticas e notícias que mais têm interesse, mas também os assuntos que marcam a atualidade em todo o mundo. 

O sistema utiliza a inteligência artificial para manter o fluxo de informação assim que chega à internet, analisando em tempo real as milhares de páginas, mensagens no Twitter, comentários de utilizadores, análises e os vídeos que são submetidos nos respetivos canais de informação. Estas são depois organizadas e agrupadas por histórias. 

Para os utilizadores ou jornalistas que prefiram aprofundar os assuntos, o serviço oferece uma opção para aceder a mais detalhes, cruzando diferentes fontes de informação sobre o tema. As fontes em quem confia podem também ser organizadas na funcionalidade Newstand, para que possa receber rapidamente notificações com as atualizações. 

De forma a ajudar a afinar e a treinar a IA que suporta as fontes do Google News, o sistema permite agora que os utilizadores possam subscrever imediatamente através das suas próprias contas na Google, sem a necessidade de formulários, utilização de cartões de crédito ou definições de palavras-passe. 

A aplicação Google News chega na próxima semana, no Android e iOS, assim como uma versão desktop, disponível em 127 países. 

FONTE: 

http://www.abjornalistas.org/page.php?news=5401

UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES (UBE) FECHA PARCERIA COM O MUNICÍPIO DE GARANHUNS



Foi realizada na última quinta-feira (10), na  Secretaria de Cultura e Turismo de Garanhuns, uma reunião  com o coordenador da UBE Garanhuns, Renato  Siqueira, com a representante da Secretaria de Educação,  Sheyla e a Secretária de Turismo e Cultura, Neile Barros.

O encontro  visa fortalecer as atividades culturais em Garanhuns, foram abordados assuntos de interesse do Município como também o reconhecimento do papel da UBE  e os avanços conquistados pela instituição durante os últimos dois anos. Durante o encontro foi oficializada uma parceria entre às Secretarias Municipais, UBE e a Câmara Cultural. Com essa parceria  fica a certeza de que grandes projetos e eventos culturais serão fortalecidos em nosso Município.

Fonte: UBE Garanhuns/blogdoanchietagueiros.

segunda-feira, 7 de maio de 2018

A BOA POESIA DO GARANHUENSE ADELMO CAMILO




Adelmo Camilo, garanhuense da gema, é formado em Pedagogia pela UFRPE e fez pós-graduação em Cultura e Literatura. Começou a se interessar pela poesia desde cedo e fez parte da Sociedade dos Poetas Vivos João Cabral de Melo Neto, um grupo formado por jovens que fez história em Garanhuns, coordenado pelo professor Eliel Duarte.
Camilo editou jornais literários, participou do livro com a coletânea de poemas da Sociedade João Cabral e ao longo dos anos tem aprimorado suas técnicas de escritor e poeta.
Há pouco tempo o jovem Adelmo Camilo (tem pouco mais de 30 anos) lançou o livro “Cãomalehomem”, um trabalho maduro, que revela o talento do garanhuense, atualmente trabalhando como Coordenador Pedagógico do Ensino Fundamental II, no Colégio Diocesano.
“Cãomalehomem”, a partir do título, joga com as palavras, é objetivo, conciso e traz poemas,  em sua maioria curtos, que dizem muito em poucas palavras.
Dividido em partes, o livro faz uma reflexão sobre o homem, o amor (ou amores), os tempos de hoje, a inversão de valores, as paixões, a própria arte da poesia.
É um livro para ser lido e relido muitas vezes, pois alguns versos são muito inspirados e estão dentre os melhores já produzidos em nossa literatura.
Como no sensual poema “Era uma vez...”
Ela estava
Com
Um vestido
Nu
Corpo lindo

E ele a conquistou
E antes mesmo do casamento

Descobriram-se
Huma-nus

Em Análise de uns Dezcursos, dedicado “ao mestre sem carinho”, fina ironia em relação aos professores ou intelectuais cheios de títulos, que arrotam por aí sua sapiência:

Tem doutorado
É “phdeus”
E cospe nos discípulos
A saliva que não tem

Há espaço para uma crítica à cidade, nos versos de “Drogarias”:

Garanhuns das  farmácias e das igrejas
Das hecatombes diáras

Garanhuns doente
Mas ô cidade!
Sem fé não há cura.

Outra pérola em “Descorado”:

Estou branco (todo)
Antes era preto e branco (por fora)
Dentro de mim havia um arco-íris.

A sensualidade novamente no jogo de palavras, no feliz uso  de blue (do inglês) em “A Cor da Pele”:
Me excitei
Com o azul
De sua
Nudez.

O livro de Adelmo Camilo pode ser encontrado na livraria Café, na Avenida Rui Barbosa, ou no Colégio Diocesano.

“Cãomalehomem” tem orelha do professor e escritor Paulo Gervais e prefácio do também escritor Wagner Marques. Os dois não colocariam seus nomes num livro que não tivesse qualidade.
Na verdade, é impossível não gostar da poesia de Camilo. 
Foto:Reproduzida da pagina do Facebook do escritor/blog de roberto almeida