O ovo poché.- DIAS CAMPPOS



        
Um belo dia, Alguém, cujo nome não poderei revelar, sob pena de ter que ir dormir no sofá, viu em um folder a atraente propaganda de um kit para forno de micro-ondas, cuja promessa era a de se fazer um delicioso ovo poché, de maneira rápida e prática.
Em tese, esse ovo poderia ser preparado em apenas alguns segundos, e sem a necessidade de utensílios, condimentos ou empratamento.
Bastaria colocar um pouco de água dentro de uma cumbuquinha, quebrar um ovo sobre ela, meter tudo dentro do resto do kit, tampá-lo, e ligar o micro-ondas.
E, voilà! A guloseima estaria pronta para ser saboreada.
É claro que Alguém quis a minha opinião...
Ora, fui político. De primeiro, disse nunca desdenhar do progresso. E dei como exemplo as vantagens que o microcomputador possui em relação à máquina de escrever.
No entanto, ponderei que o ovo poché era um clássico. Portanto, seria um pouco difícil que a tecnologia conseguisse agradar ao paladar daqueles que já provaram e gostaram dessa iguaria.
Minha ponderação teve pouco ou nenhum efeito sobre a intenção (resoluta) de Alguém. Assim sendo, calei-me, e aguardei a chegada pelo correio de mais um brinquedinho a abarrotar nossa cozinha.
Meu filho, que sempre gostou de comer ovos, fossem fritos ou cozidos, era o mais interessado em que o milagroso kit chegasse logo; afinal, ouvira tantos elogios ao tal do ovo, que ele era só expectativa.
Ah! Lembro-me como se fosse hoje!... Tão logo o pacote chegou, e Alguém se pôs a desembrulhá-lo com avidez, como se estivesse prestes a agarrar o mais precioso dos tesouros.
Alguém leu o manual de instruções – “rebuscadíssimo”, diga-se de passagem –; lavou bem todas as três partes que compunham a revolucionária invenção; completou a água até o limite indicado; quebrou o ovo sobre a tal da cumbuquinha; colocou uma pitada de sal; marcou os segundos necessários; e ligou o bendito aparelho.
E ao soar do tlim, voilà! Era só abrir a porta, destampar o kit, retirar o resultado, e degustá-lo.
Só que ao se levantar a tampa do utensílio, o que víamos era um ovo fumegante, esbranquiçado, compacto, e sobre cuja gema pouco se podia dizer, se dura ou mole (como teria que ser).
As impressões dividiram-se. Meu filho estava eufórico; até porque, nunca provara um ovo preparado à moda tecnológica. Alguém estava apreensiva; menos pelo aspecto desencorajador do que pela incógnita quanto à textura da gema. E eu, para lá de reticente; afinal, não foi à toa que em um episódio do programa Pesadelo na Cozinha, o chef Érick Jacquin arremessou janela abaixo os micro-ondas de um participante...
Como o garoto também estivesse com fome, nem se pensou na finalização ou no acompanhamento. Assim, sentamos à mesa e esperamos que ele provasse e desse a sua opinião.
Interessante mencionar que meu filho, que em matéria de ovo frito gosta de comer primeiro toda a clara, para só depois apreciar a gema, resolveu inverter esse hábito, seja porque a aparência daquela não era nada atraente, seja porque a textura desta permanecia um enigma.
Só que para nosso espanto, no exato momento em que ele cutucou a gema com o garfo, um fato para nós desconhecido aconteceu: A gema simplesmente estourou!
Sim, ela estourou – com estampido e tudo –, e fragmentos da massa amarelada foram grudar na bochecha direita do pimpolho.
Imaginem, portanto, o susto que todos levamos?!
É claro que, passado o susto, as risadas tomaram conta do momento.
Mas ainda restava experimentar aquele delírio gastronômico...
Bem, eu não me atrevi; Alguém provou um pedacinho, e disse ser comível – se bem que seu semblante não compactuasse plenamente; e para tristeza deste cronista, meu filho começou tímido, mas terminou bem satisfeito, preferindo, inclusive, a textura adquirida pela gema, dura feito ovo cozido.
No dia seguinte, como estivesse inconformado com aquele ultraje à boa mesa, resolvi preparar eu mesmo aquele prato, e comme il faut; até porque, era meu desejo que o herdeiro nunca mais se lembrasse que um dia gostara de tamanha aberração.
Fui ao YouTube, assisti a mais de um preparo, escolhi a receita que mais me agradou, fui a um empório refinado, comprei o que precisava, e tudo em dose dupla, fiz um teste só para mim (que, por sinal, ficou delicioso), e avisei ao meu filho que ele provaria um genuíno ovo poché. – que não prescindiria da panela com água fervente, do filme PVC, da escumadeira, do sal, do vinagre de maçã, das raspas de trufa, e da fatia de pão torrado na manteiga.

Concluída a segunda obra-prima, servi com toda mesura. E aguardei o novo parecer.
Pois não é que ele gostou mais do ovo à “micro-ondé”?!
A par da frustração, e da gozação, o que me restou foi ouvir de Alguém que, pelo menos, o garoto não correria o risco de ser contaminado por salmonela.
Menos mal que, salvo melhor juízo, ainda não inventaram kits para se fazer bife à parmegiana ou feijoada no micro-ondas.

Ó, Jacquin, empresta-me a tua coragem!


UMA JUSTÍSSIMA HOMENAGEM AO POETA JOÃO MARQUES


Por Altamir Pinheiro


Costumo ocupar este espaço escrevendo sobre cinema, em especial levando ao público leitor deste blog o conhecimento das películas cinematográficas dos filmes de faroeste. Desta vez a Coluna CINEMA baixou as armas do Velho Oeste colocou-as de volta ao coldre e deu de garra de uma caneta para travar um Duelo de Titãs com a intelectualidade de Garanhuns, dentre tantos, o destaque maior ou merecido vai para o filósofo, pesquisador, escritor, poeta, músico e compositor garanhuense JOÃO MARQUES. 

Para se ter ideia do chamado cabeça pensante que é ou se apresenta este intelectual, hoje, setentão, ele é exposto à mostra como sendo nada mais nada menos que o autor do hino de Garanhuns(letra & música), que no dizer do também poeta de mão cheia, Gonzaga de Garanhuns, ao afirmar categoricamente que só existem três hinos bonitos no mundo: o hino nacional brasileiro, o de Pernambuco e o hino de Garanhuns. Nem a Marselhesa francesa bate de frente com estes três hinos, diz Gonzaga. Quem se atreve a ter um dedo de prosa com João Marques, por pouco tempo que seja, percebe de imediato a sua perceptibilidade cultural, além da lucidez latente e de uma inteligência perspicaz, àquela que enxerga ou vê longe por ser uma pessoa de visão larga. 

Neste campo específico, donde, a natureza lhe ofertou um cérebro privilegiado, pois ele é possuidor de um QI avançado por se somar com a inteligência linguística em razão de ter facilidade em se expressar, oralmente ou através da escrita; na inteligência musical ele tem a destreza ou desembaraço de criar músicas ou harmonias inéditas como é o caso do Hino de Garanhuns e arremata com sua inteligência intrapessoal por ser dotado de um senso observador em analisar, compreender ou exercer influência sobre as pessoas, mas de maneira mais subjetiva, utilizando IDEIAS e não ações... No campo da memória, João Marques é um bem dotado. Como se diz no popular: ele tem memória de elefante, pois lembra-se e nos conta “causos” do arco da velha numa precisão milimétrica, tanto de datas quanto de tempo e espaço como se fossem hoje, além de ser um “expert” em suas reminiscências amorosas, trabalhistas, fotográficas e culturais... 

Como dizem os estudiosos, quanto mais alto o nível de inteligência de uma pessoa atrelada a uma boa memorização dos fatos corriqueiros, maior a chance de ela ter uma vida mais longa. Pois muito bem, com a descoberta dessa faceta inesperada da longevidade pelos cientistas e profissionais da saúde, tranquilamente, João Marques ultrapassará a barreira da casa dos 100. Por ter a responsabilidade de se comportar como escritor, João Marques é um grande gramaticólogo. Conhece todas as nuances e o modus operandi da gramaticologia ou da gramática portuguesa propriamente dita. Quem observa bem a letra do Hino de Garanhuns escrita por João Marques percebe que ele é adepto da língua CULTA e não coloquial. As estrofes do hino têm uma adequação linguística colossal. Em que pese, nossa pátria(diferente de Portugal), as palavras apressadamente envelhecem e caem como folhas secas, porém a gíria não pegou João Marques. Pois ele ainda teima em usar a primeira pessoa, tanto do singular como do plural do que a gíria “A GENTE”. Apesar de, a própria linguagem corrente vai-se renovando e a cada dia que passa uma parte do léxico cai em desuso. A Internet que o diga!!! Outra faceta desconhecida e que passa despercebida por muitos que os cerca é o seu poder de mediunidade. Ou seja, particularidade ou dom de médium. João Marques é uma pessoa detentora de dons que supostamente lhe permitem conhecer coisas, dados e determinadas ocorrências por meios sobrenaturais. Diga-se de passagem, ele é um profundo pesquisador da doutrina filosófica do espiritismo. Allan Kardec, fundador do espiritismo e maior estudioso da mediunidade que já existiu, em seus livros e estudos rezam que: “A capacidade para ser médium espiritual é algo inerente a qualquer pessoa”... 

O autor do Hino de Garanhuns tem um grau de intensidade bastante acentuado no que diz respeito aos preceitos da mediunidade. Por fim, a capital do Agreste Meridional, conhecida como Suíça pernambucana, ao longo de sua história centenária teve a honra de ser gravada pelos mais diversos cantores, violeiros e trovadores dos mais diversos rincões. Do cordelista Gonzaga de Garanhuns ao maior cancioneiro nordestino que foi Luiz Gonzaga de Exu; dos Vocalistas da Saudade (Ai, Garanhuns, Terra das flores) ou Augusto Calheiros(Adeus, Pernambuco tão guerreiro / Garanhuns hospitaleiro / Terra onde eu vivi / ... ), a Onildo Almeida (Onde o Nordeste Garoa); sendo ainda eternizado em verso & prosa e sanfona pela voz do seu filho ilustre, Dominguinhos. Garanhuns teve vários hinos belos e impactantes compostos por esses monstros sagrados da música regional e local, porém todos são “oficiosos”. Pois, de caráter OFICIAL só existe um: Salve, Garanhuns!!! Os jardins, as palmeiras e alguns pedaços do céu... Mãos divinas!!! Salve as sete colinas!!! 


ACERVO DIGITAL DE DOM HELDER JÁ ESTÁ DISPONÍVEL NO SITE DA CEPE



O Instituto Dom Helder Câmara lançou no site da Companhia Editora de Pernambuco (CEPE) o acervo digital das obras catalogadas na sede do instituto, que fica no bairro da Boa Vista, área central do Recife. O projeto é financiado pela Prefeitura do Recife e, ao todo, são mais de vinte mil páginas que se configuram em manuscritos, programas de rádios, recortes de revistas e jornais, poemas e textos do bispo, pernambucano que foram digitalizados.

No momento, no site da editora, que é o www.acervocepe.com.br, só estão disponíveis os manuscritos de dois programas de rádio que dom Helder produziu nas décadas de 1970 e 1980. No entanto, até o fim do ano, mais de doze mil páginas estarão disponíveis.


Notícia publicada no blog Anchieta Gueiros.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

E A PORTA SE ABRIU



Se tivermos um sonho, devemos persegui-lo, pois o máximo que poderá acontecer... Será dar certo! Essa frase, de minha autoria, representa a filosofia por que sempre me guiei. Por força disso, hoje tenho o privilégio de compartilhar com todos um fato ímpar que me aconteceu.
Desde a adolescência percebi que o escrever e eu seríamos um só. Restava-me, no entanto, decidir entre duas lindas primas. A poesia, loira sensível, fazia-me devanear a cada vez que lhe escutava a voz melíflua. A prosa, morena fogosa, levava-me à ebulição tão só lhe fixava as curvas enigmáticas. Ó dúvida lancinante!...
Resolvi, então, pedir ajuda a um dos meus preferidos, e fui me consultar com Voltaire. O iluminista, que lá do Empíreo já pressentira o meu dilema, não precisou de nenhuma anamnese para me nortear a escolha. Com a habitual perspicácia, pegou do seu conto A princesa da Babilônia e relembrou-me que a verdadeira poesia é natural e harmoniosa, e que tanto fala ao coração como ao espírito. Ora, longe de me melindrar, essa luz me fez reconhecer a distância que em mim havia entre a efêmera poética da puberdade e o imorredouro dom dos poetas. E me enamorei de vez pela morena. A escrita, incipiente que fosse, por óbvio que mais agradava ao meu ego do que aos poucos leitores para quem não me fazia de rogado – esses, na maioria, pertencentes à parentela. Mesmo assim, não me deixava abater, pois, como disse, o sonho tem que ser perseguido.
E seguia com minhas garatujas. Certa vez, quando cursava o então terceiro colegial, os professores de português da escola onde estudei – o glorioso colégio Bandeirantes – tiveram a ideia de compor uma coletânea de contos escritos pelos alunos. Ora, disse para mim mesmo, “Eis aí a minha chance!” É fato que, num primeiro momento, fiquei eufórico quando soube que minha história tinha sido pré-selecionada. E mais deslumbrado fiquei quando a colega da perua escolar por quem arrastava um caminhão me recobriu de elogios, a mim e ao meu texto.
Agora não me lembra se o fora que levei foi antes ou depois de constatar que o meu conto não integrara aquela coletânea...
Recuperado do duplo desengano, só me restava seguir adiante. Os nãos, contudo, assomavam, mormente quando passei a tentar os concursos literários. Foi aí que divisei um caminho seguro: era preciso devorar os clássicos para aprimorar a minha técnica. Interessante mencionar, e digo isto cheio de orgulho, que essa rota era-me inata; ninguém ma incutiu! E quão grato fiquei quando, lendo também biografias, descobri que Fielding e Balzac sentiram a mesmíssima necessidade.
O gosto pela leitura, os monstros sagrados da literatura universal, o conhecimento que o Direito me proporcionou, tudo, enfim, me ajudou, e muito, a que a prosa em mim se aperfeiçoasse, se acrisolasse. A propósito, fiquei muito estimulado ao saber do percurso por que passaram vários autores consagrados, do passado e contemporâneos, pois que cursaram primeiro as ciências jurídicas para só depois se dedicarem ao ofício de escritor.
E o tempo seguiu sem pressa. Formei-me na faculdade, passei na Ordem dos Advogados do Brasil, advoguei, conquistei o título de Especialista em Direito Penal pela Escola Superior do Ministério Público do Estado de São Paulo, lecionei por sete anos na Universidade Paulista – UNIP, escrevi livros e artigos técnicos... E jamais abdiquei do meu sonho. Aliás, este provérbio japonês, e que também espelha o meu âmago, a perseverança, acabou por fincar raízes na minha cabeceira: Cair sete vezes; levantar-se oito.
É claro que nesse meio tempo fiz o que a sabedoria popular recomenda a uma vida plena: cheguei a comer abacates do pé que eu mesmo plantei, sou confessadamente um pai babão de um garoto de seis anos, e o primeiro livro que escrevi foi um romance épico-histórico (nos moldes de Sir Walter Scott), e com “apenas” 117 itens de bibliografia. Esta última conquista, com efeito, ter-me-ia levado à plenitude. No entanto, problemas alheios à minha vontade fizeram-me propor um distrato, que foi aceito. E todos os direitos me foram devolvidos. Assim – e, sem dúvida, isto é subjetivo –, a realização que pensara ter alcançado como que deixou de existir; como se alguém me tivesse furtado uma meia-porta lateral de um valiosíssimo tríptico que tanto cobiçara. Que se busque a reedição! resolveriam uns. É fato que a almejo. Todavia, a consagração da minha prosa acabaria chegando por um meio até então impensado – a ousadia.
Ora, pensava comigo, por que não arriscar? por que não confiar na minha capacidade, no meu talento como escritor? E relembrava a minha filosofia de vida... E pesquisei, e esperei. Pois a porta finalmente se abriu em 2010, com a convocação para um concurso literário de âmbito internacional! – o Concurso Mundial de Cuento y Poesía Pacifista, e que foi divido em várias categorias linguísticas, para uma equânime apreciação.
Pacifismo?! Mas quem, nos dias de hoje, se interessaria por algo tão improdutivo, tão pouco lucrativo? Pois centenas de escritores, do mundo inteiro, a ele se entregaram, a ele se dedicaram, e com toda a pureza de sua arte.
E qual não foi a minha surpresa quando, lendo certo dia os meus e-mails, notei que um deles vinha escrito em espanhol. Tive que ler e reler, não para entender a mensagem, mas para acreditar que, na modalidade conto em português, fora eu o vencedor daquele certame!
Algum prêmio em dinheiro? E haveria quem patrocinasse com numerário um concurso pacifista?... No entanto, a alegria de ter participado, e pela primeira vez, de um concurso internacional, e de ter sido o vencedor, ah! isso não tem preço. Ademais, e como se essa vitória não bastasse, inscrevi o mesmo conto em um outro concurso, o Primeiro Concurso Literário Oliveira Caruso, de 2011, na Categoria Poesias. E obtive a Medalha de Ouro! Seria coincidência? Creio que só com relação à minha filosofia de vida, pois o título do conto é Nunca desânimo.




UBE PARABENIZA O ESCRITOR GIVALDO CALADO PELO SUCESSO DO LANÇAMENTO DO SEU LIVRO DE CRÓNICAS



A União Brasileira de Escritores-UBE - Núcleo Garanhuns, através do seu presidente, Sr. Natanael Vasconcelos e demais membros desta Entidade Literária, parabenizam ao ubeano, Sr. Givaldo Calado de Freitas pelo sucesso do lançamento do seu livro de crônicas “Minhas Linhas e Linhas das Redes Sociais”.



O evento aconteceu na noite de sábado, 24/11, no auditório do Palace Hotel Garanhuns, com a presença de intelectuais, jornalistas, blogueiros, radialistas, empresários, amigos do empresário, e também, de alguns políticos da cidade.