segunda-feira, 25 de junho de 2018

A TAÇA DO MUNDO É NOSSA


Escrever, é antes de tudo, a arte de contar histórias. Às vezes sofridas, alegres, verdadeiras e até aumentadas, o que acontecia com o famoso personagem de Chico Anísio, Pantaleão, que, inclusive, arrumava sempre o jeito de ter o testemunho de sua Terta. Como vou falar de futebol, os fatos aqui contados são verdadeiros, alguns eu vivi, outros me foram contados, com todos os detalhes que dão veracidade aos mesmos. Nunca duvidei de nenhum deles. Peço só desculpas aos leitores, penitenciando-me, é que logo após esses eventos, voltarei a falar daquilo que tanto gosto, que é educação.

Falar de futebol, num país de mais de 200 milhões de treinadores é facílimo, qualquer dúvida é só pedir socorro a um desses técnicos de plantão que, principalmente em época de Copa do Mundo, afloram os seus conhecimentos, estão aí para não me deixar mentir: Adilson Barros, Marcos Régis, Eugenio Sobrinho e Aldemir Fernandes. Mas, é preciso esclarecer ao leitor, que, também tenho meus conhecimentos esportivos, não somente do esporte bretão, mas, de outros tão apaixonantes para o povo brasileiro. Começo aqui com o meu querido pai, Antônio Fernandes, um dos maiores boxeadores do antigo Tiro de Guerra, que seria em março de 1967, substituído pelo atual 71º Batalhão de Infantaria Motorizado (71 BI Mtz). Pois bem, sendo um fenômeno em Garanhuns, na década de 40, tendo sua carreira interrompida numa histórica luta com um boxeador do 14 RI da Capital, por um nocaute de esquerda, tudo porque o técnico não avisou que o adversário era canhoto. Resultado, aos 10 segundos, do 1º round, um soco acaba sua carreira, mas, despertaria na família, depois, o gosto pelos mais diversos esportes, inclusive o futebol.

Verdade que os filhos de Antônio Fernandes tentaram suas habilidades em outros esportes. O grande meia Aldemir, chegou inclusive a tentar o basquete, porém abandonou após a fatídica derrota nos jogos escolares, quando o Colégio CERU foi esmagado, em quadra, pela equipe do D. Juvêncio de Britto. Sim, já ia esquecendo o placar desse extraordinário jogo, que encerrou sua carreira, nessa modalidade: D. Juvêncio 2 X 0 CERU. Jogo que ficou marcado nos anais dos Jogos Escolares de Garanhuns.

A saga dos Fernandes continuava e Aldemir não desistiu, vindo a ser depois o maior atleta da família, jogando pelo Balão Mágico, time de Futsal, que sempre se exibia nos belos torneios das festas de Santa Teresinha, na quadra do CESST, no bairro do Magano.

Falando de futebol, da família quem demorou um pouco mais a entrar no mundo esportivo, foi meu irmão mais novo Almir, que deu seus primeiros passos no mundo futebolístico aos 38 anos de idade. Não precisa falar muito sobre esse craque, que por uma questão cronológica, teve uma carreira brilhante, mas, bastante reduzida.

Para não dizer que não falei das flores, antes de descrever os meus conhecimentos sobre as conquistas das nossas Copas do Mundo, e esse ano com um possível hexa, e aí não será bom para os meus amigos Emir, Lúcio, Nádson, Adílson e o time do Náutico, pois perderão a exclusividade da sua grande conquista.

Sim, vou falar da minha grande carreira futebolística consagrada com tantas taças e vitórias, pena que pela falta dos meios de comunicação atuais e das redes sociais, passou despercebida pela maioria das pessoas. Comecei cedo, no Esporte Clube da Matança, onde tive um dos melhores técnicos, seu Né. Com ele, aprendemos que treinador de futebol é técnico e não professor, pois nas suas sábias lições, nos lembrava que professor a gente encontra nos Colégios.

Seu Né treinou o Esporte por mais de 50 anos, sendo um dos tantos mitos injustiçados do futebol. Milhares de atletas do Magano foram lapidados pelas suas mãos e seus conhecimentos. Eu fui um esforçado e desconhecido lateral direito. Levei para esse clube, o famoso overlapping, criado por Cláudio Coutinho e faria sucesso na Copa da Argentina, em 1978. Lance nunca visto antes no campo da Matança, num jogo contra o Palmeiras, da Boa Vista, realizado por mim, contou com a participação do grande meio campista Luís Sebastião (Minininho), Carlos Guedes (Carlos Pelé) e a conclusão de Edjalma Gomes, de cabeça, após cruzamento feito por mim. O que me custou a substituição aos 6 minutos, do 1º tempo, por ter ultrapassado o meio de campo, coisa proibida para os laterais, naquela época. Conheci a implacável regra do grande mestre do futebol: “ordem de técnico é lei”. Hoje, seu Né ainda é vivo e com muita alegria, faço questão de reverenciá-lo. Minha carreira continuou. Jogando na Universidade Federal e no time do IPSEP, no Recife, ao lado de grandes atletas como Lúcio, Emir, Fernando Galdino, Paulo Gonzaga, Marcos Assis, João Batista e tantos outros.

Minha proposta de lembrar que a Taça do Mundo é nossa, deve-se ao fato, de tantas outras, que também precisamos conquistar. Quero começar com a Educação. Já disse em artigos anteriores que nunca tivemos um ensino de qualidade no Brasil. É bom saber que nunca se investiu tanto nesse segmento, como nos últimos 20 anos. Hoje, um aluno custa, em média, quase R$ 2.500,00 para os cofres públicos, verdade que é um valor irrisório, comparado com os R$ 7.000,00, que custa cada prisioneiro para os cofres da nação. Mesmo assim, continuamos com os piores desempenhos, quando somos comparados com outros países. No exame mundial do PISA, ficamos em penúltimo lugar, atrás de países como Honduras e Bolívia. Nossos alunos apresentam grandes dificuldades com números e letras que precisam ser resolvidas, não somente culpando estudantes e professores, mas, fazendo duas grandes reformas: a primeira, uma mudança no ensino superior, nos cursos de licenciaturas, com currículos efetivos, dinâmicos, atualizados e direcionados a formar especialistas competentes. E, a segunda, um maior investimento nos docentes, tanto na valorização profissional, como na social da categoria.

A desvalorização do docente é tanta que, uma cidade como São Paulo, já não tem número suficiente de professores de química, física e biologia. É uma taça que estamos perdendo, essa da educação.

Outra taça que precisamos conquistar dentro de campo é a da saúde. Ganhar no futebol é fácil, menos para o “meu Santinha”. Quero colher os frutos da vitória nos hospitais, com ligeiro atendimento, medicamento para todos, cirurgias sendo realizadas com rapidez e a agilidade que cada caso necessita. Leitos para todos e não macas nos corredores, que parecem mais um campo de refugiados. Vacinas, sem precisar de longas filas e às vezes, até um padrinho político para conseguir ser vacinado, como aconteceu recentemente, com a febre amarela.

Queria ganhar o troféu da saúde com a urgência e competência que tem os quarteis do corpo de bombeiros e do SAMU. Gritar que a taça do mundo é nossa, fazemos desde 1958. Mas, está mais do que na hora de bradar que a saúde também o é.

É preciso um cuidado diferenciado com a saúde, que é uma coisa caríssima no Brasil, como tenho aprendido com o Dr. Ulisses Pereira. Faz-se necessário investir na prevenção, que diminuirá o custo nos hospitais e postos. Verdade que, mesmo sendo Biólogo, minha área de atuação não é essa. Tenho acompanhado, com atenção, e, vejo que é o desespero da maioria dos brasileiros carentes. Melhoramos muito, sei disso, mesmo assim, ainda não é o suficiente.

Tem outras taças que precisamos ganhar: segurança, trabalho, previdência, trânsito, família, espiritualidade, moral, ética, política (que um dia pretendo falar), entre outros. Sabemos da grandeza geográfica do país, porém os EUA também o são, e conseguem superar tantas coisas, que nossa cultura não é a ideal, que lemos pouco e temos nas instituições a pior falta de credibilidade. O brasileiro, mesmo se dizendo honesto, gosta de levar vantagem, acabamos de ver, recentemente, na paralisação dos caminhoneiros, o que aconteceu com a gasolina e o gás. Epa! Mas, esse não é meu tema. Afinal, como todo bom brasileiro, está na hora de colocar a minha camisa verde e amarela, nova, porque as antigas dão azar. A do 7 X 1, nem pensar! E torcer pelo Brasil, afinal, temos uma boa seleção, precisamos ter três coisas: 80% de competência, 19% de sorte e 1% de superstição. Por isso vou vestir a camisa de 1958, que era do meu pai, e cantar: A taça do mundo é nossa, com brasileiro não há quem possa.

Prof. Albérico Luiz Fernandes Vilela
Membro do Lions Club Internacional 
Membro da Academia Pernambucana de Educadores
Membro da União Brasileira de Escritores
Diretor Pedagógico da UNIC – Universidade da Criança


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