A cidade carvalheira
não sofre o corte
das navalhas
do frio nas palafitas
do rio Pina...
A cidade que alimenta
Brasília
de rostinhos bonitos
e senhores caquéticos
nada sabe do Coque
nem da teimosia de outra
Brasília!
A cidade que espia
olindices
do alto do mirante
do mais belo shopping
assobradada num mocambo
desconhece a olindesa vida
e a recifente gente
que se enfia em
lotadíssimos
totós jardins são paulos
cidades universitárias pe-15 xambás...
Não se cavalgam
cavalcantis,
mas poetas cavalgam
cantos
pelos quatro cantos
do Derby!
Pouco tempo para poesia
há no Recife
dos galos padeiros...
Genuína poesia resiste
cortada de capibaribes
beberibes jordões
timbós pinas...
Miró repousa
na Muribeca
e o Recife de beca
nem mira Miró...
Recife...
Tanta desunião...
Pragas do meu avô...
Já te acabaste,
mas olho meu punho
e as veias nele
parecem um mapa
da Veneza de Nassau...
Quando eu cortar meus
punhos com uma navalha
numa perfeita linha reta,
Recife,
chamarei esse corte de
Avenida Caxangá...
Se o corte for longo
e tortuoso,
será uma Avenida Norte...
mesmo sabendo
que há um Recife que
desconhece tudo entre
o Brum e a Macaxeira!
Porque a cidade
carvalheira
apenas pensa
que não sofre
a fria lâmina
das navalhas!
Marcos de Andrade Filho
Recife,
06 de dezembro de 2018
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